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Como a política afeta nossas florestas?

Atualizado: 19 de mar. de 2021

Em tempos de eleições municipais e pandemia, o povo passa a prestar atenção em nossos governantes. Entretanto, nossas escolhas não devem se pautar apenas na retomada da economia e em promessas de emprego e asfalto. 2020 foi um ano decisivo para todos os brasileiros, e não só devido ao Corona Vírus. Os incêndios no Pantanal e na Amazônia, as ações do Ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles e as falas do Presidente Jair Bolsonaro na Assembleia-Geral da ONU nos trouxe atenção internacional e indignação de muitos. Resta-nos a reflexão: é isso que queremos deixar de legado para as gerações futuras?


Até agora, o Governo Bolsonaro foi marcado por conflitos e polêmicas em relação ao meio ambiente: os incêndios de 2019 e de 2020, os dados distorcidos apresentados pelo próprio presidente em discurso para a ONU (Organização das Nações Unidas), as críticas ao INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), as interferências no IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e as falas de Ricardo Salles na reunião ministerial.


Mas então, como cada uma dessas decisões e absurdos políticos traçam um caminho de destruição para a fauna e flora brasileiras?

Ao interferir em Institutos como INPE e o IBAMA, a fiscalização de nossas florestas é prejudicada, abrindo espaço para atividades ilegais em áreas supostamente protegidas. Além de tirar a autonomia desses órgãos, que ficam presos em burocracias e impossibilitados de agir de maneira rápida. E o estado de negação do presidente em relação às queimadas também é preocupante: Bolsonaro nega que focos de incêndios existam, deixando grande parte dos culpados impunes e enfraquecendo o combate ao fogo. Também culpa povos indígenas e afirma que o Pantanal jamais passaria por tal situação por se tratar de uma área alagada, mostrando a desinformação, o despreparo e o descaso do Governo atual para com o povo e com o meio ambiente.

Apesar de todos esses escândalos, alguns acontecimentos acabam por passar despercebidos ou pouco comentados pela mídia. Um deles ocorreu ainda antes da pandemia se instaurar no Brasil: durante o Carnaval, o presidente do IBAMA, Eduardo Bim, liberou as exportações de madeira sem autorização e também restringiu o contato de servidores com a imprensa, os funcionários que protestavam eram demitidos. Salles agiu mais vezes, de forma consistente com sua política anti ambiental, dispensando criminosos que desmataram a Mata Atlântica da obrigação de recompor a vegetação e regularizando invasões.


A mensagem que o Governo transmite estimula inclusive a violência. Desmatadores ilegais passaram a ameaçar ativistas e funcionários de órgãos ambientais, agredindo até mesmo um agente do IBAMA, no sudoeste do Pará.

De acordo com a plataforma Governo da Destruição, desenvolvida pelo Green Peace em parceria com o Observatório do Clima e o Instituto ClimaInfo, o desmatamento atual se encontra em estado e números alarmantes e em breve deverá voltar ao que era em 2003, antes de uma série de providências que reduziu a prática em 85%. Com o Governo Bolsonaro - ou seria desgoverno? - em breve o Brasil perderá tudo aquilo que conquistou a nível socioambiental.


De que forma nós, como povo brasileiro, podemos agir politicamente para proteger nossas matas?

Voto consciente. Nessas eleições municipais de 2020, dê voz aos candidatos ambientalistas, indígenas e quilombolas. São os vereadores que discutem as leis municipais e que podem optar ou não por proteger o meio ambiente, a água e os povos nativos. Nesse momento, se informar é de extrema importância, e o Tribunal Superior Eleitoral tem uma plataforma para a divulgação de candidaturas em seu site. Lá, é possível consultar despesas, fornecedores e seus planos de governo. E os perfis no Instagram @climadeeleicao e @engajamundo produziram uma cartilha com o objetivo de ensinar a como fazer a identificação da agenda de florestas nesses planos. A cartilha cita as perguntas que cada cidadão deve se fazer antes de votar, aqui estão algumas delas:

  • A candidatura cita um plano para ampliar a arborização urbana da cidade?

  • Ela cita a criação de mais bosques e cidades?

  • Faz referência à importância de espécies vegetais nativas?

  • Orienta políticas de combate ao desmatamento ilegal?

  • Orienta alguma política fiscal de incentivo às boas práticas ambientais?

  • E de recomposição de áreas degradadas e de reflorestamento com espécies nativas?

  • Ela cita em seu plano os povos indígenas e as comunidades tradicionais de alguma forma?

  • Ela tem proposta para essas populações?

  • Ela reconhece de alguma forma a crise climática em seu plano de governo?


E lembre-se: cuidado ao se preocupar apenas com temas de ordem imediata, como renda, emprego, moradia e segurança pública, pois as pautas socioambientais eventualmente se chocam a essas de curto prazo, já que se tratam de um problema estrutural. Se não nos preocuparmos agora, casos como rompimento de barragens, enchentes em vias urbanas, deslizamentos de terra e queimadas serão cada vez mais recorrentes.


Para saber mais:

Governo da destruição: https://governodadestruicao.org/

Nexo Políticas Públicas: A política ambiental brasileira e sua história

Ascema (Associação Nacional dos Servidores de Meio Ambiente): Ações do Governo Bolsonaro para desmontar as políticas de meio ambiente no Brasil

Clima de Eleição: Cartilha com passo à passo para analisar e avaliar conteúdos de planos de governo

Perfis para seguir no Instagram: @arvoreagua e @climadeeleicao

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